Fome Zero: quais são as nossas oportunidades

Fome Zero nossas oportunidades

A agricultura familiar é o eixo estratégico de combate à fome.

Um programa Fome Zero moderno e eficaz deve ser, em essência, um programa intensivo de fomento à agricultura familiar

Agro exportador e para o mercado interno -diferenças

A crise provocada pelas sanções americanas às exportações brasileiras foi objeto de intensas discussões sobre alternativas e oportunidades.

Chegou-se a pensar que, pelo menos temporariamente, os preços dos alimentos no Brasil ficariam mais baratos. Marginalmente isso até aconteceu. Mas no decorrer do tempo ficou claro que são dois negócios completamente diferentes.

O agro exportador é voltado para o mercado externo, baseado em monoculturas de grande extensão e volume e voltado para o lucro baseado no câmbio. A agricultura interna tem porte menor, é diversificada em geral e baseada no trabalho familiar, de pequenas cooperativas ou assentamentos.

Portanto, não há uma ligação direta entre o crescimento do agro exportador e o combate à fome no Brasil. Pelo contrário, em alguns aspectos são negócios que concorrem por terras, água e financiamentos governamentais.

Agro Exportador

Agro exportador

Agricultura familiar

Agricultura Familiar

Fome Zero: explorando nossas oportunidades

Portanto, o combate à fome e escassez de alimentos no Brasil depende uma Política de Estado e comprometimento governamental e políticas públicas adequadas.

Depois de quatro anos, o Brasil voltou a sair do Mapa da Fome.

Isso foi possível com a retomada dos programas institucionais que sustentam as políticas de agricultura familiar.

Mas existem muitas oportunidades para que o Brasil avançe na erradicação da fome, com uma estratégia política bem alinhada.

Fome Zero: Reforço das políticas públicas

Nossos programas de PAA e PNAE são instrumentos poderosos. Para atingir todo seu potencial., é necessário expandir e desburocratizar estas políticas, com expansão dos recursos e a simplificação dos processos de venda, garantindo pagamento rápido e justo.

O programa de agricultura familiar precisa estar cada vez mais vinculado ao programa de Fome Zero, através da distribuição de cestas básicas, fornecimento para escolas, creches, hospitais e presídios. Isso assegura um canal de venda garantido e de grande escala.

Para que o pequeno agricultor consiga escala e qualidade na sua produção, é necessário reforçar a Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), com foco em:

  • Agroecologia e Sustentabilidade – oferecendo orientação técnica os agricultores para a transição agroecológica, produção diversificada e saudável, aumentando a resiliência climática e a qualidade dos alimentos.
  • Gestão e Comercialização: A ATER pode ajudar na organização da produção, formação de preços e acesso aos mercados, tornando os empreendimentos familiares mais viáveis e menos sujeitos à ação dos atravessadores.

O governo federal voltou a priorizar programas de Estoques Reguladores

Acesso à terra e regularização fundiária

As políticas de acesso à terra e regularização fundiária para territórios tradicionais como quilombolas e indígenas garantem que as famílias e pequenas comunidades tenham o espaço necessário para produzir.

Na Amazônia em particular, a produção extrativista alinhado à uma política de preservação ambiental é fundamental para garantir o sustento das comunidades e  proteger a naturaza. São inúmeros os exemplos de sucesso.

Oportunidades econômicas

Estas são algumas das oportunidaes segundo pesquisa realizada com a ajuda do DeepSeek:

  • Cadeias Curtas de Comercialização: Promover feiras livres, vendas diretas ao consumidor, agricultura sustentada pela comunidade (CSA) e e-commerce. Isso aumenta a renda do produtor (elimina intermediários) e oferece alimentos frescos e a preços mais justos aos consumidores urbanos.

  • Agregação de Valor: Incentivar a industrialização rural em pequena escala (produção de polpas, farinhas, queijos, embutidos, alimentos processados orgânicos). Isso gera mais renda e empregos no campo.

  • Certificação e Selos de Qualidade: Ampliar o acesso a selos como “Orgânico”, “Produto da Sociobiodiversidade”, “Indicação Geográfica”. Estes selos valorizam o produto perante um mercado consumidor cada vez mais consciente.

Oportunidades tecnológicas e de infra estrutura

  • Tecnologias de Baixo Carbono e Agroecologia: Investir em pesquisa e difusão de técnicas como:

    • Sistemas agroflorestais (SAFs): Produzem alimentos ao mesmo tempo que recuperam o solo e sequestram carbono.

    • Bioinsumos e controle biológico de pragas: Reduzem custos e a dependência de insumos externos caros e poluentes.

    • Irrigação de baixo custo e eficiência hídrica.

  • Infraestrutura de Armazenamento e Logística: Um dos maiores gargalos.  A oportunidade é:

    • Construir ou modernizar armazéns, câmaras frias e unidades de processamento em cooperativas da agricultura familiar.

    • Criar centrais de distribuição regionais que conectem a produção familiar aos grandes centros de consumo, reduzindo perdas pós-colheita.

Oportunidades socioambientais e de saúde

  • Promoção da Segurança Alimentar e Nutricional: A agricultura familiar é a principal produtora de alimentos que vão para a mesa dos brasileiros (arroz, feijão, mandioca, hortaliças, frutas). Fortalecê-la é combater a fome na sua origem.

  • Biodiversidade e Soberania Alimentar: A agricultura familiar preserva sementes crioulas e uma imensa variedade de alimentos, contrastando com a monocultura de commodities. Isso garante uma dieta mais diversificada, nutritiva e resiliente.

  • Combate aos “Desertos Alimentares”: Levar alimentos frescos e saudáveis para periferias urbanas e regiões remotas, onde eventualmente só chegam alimentos ultraprocessados.

Amazônia - Casos de sucesso

O texto apresentado a seguir foi resultado de pesquisa realizada no DeepSeek de casos de sucesso de extrativismo e produção agrícola na Amazônia.

1. Extrativismo Vegetal: Os Clássicos da Floresta em Pé

Estes são os pilares do conceito original de “extrativismo sustentável”.

a) Castanha-do-Brasil (ou Castanha-do-Pará):

  • O que é: Coleta das sementes do ouriço da castanheira (Bertholletia excelsa), uma árvore de grande porte que só produz em floresta nativa e intacta.

  • Por que é um sucesso:

    • Preserva a floresta: Para ter castanha, é preciso manter a castanheira de pé. Os castanhais nativos são áreas de floresta conservada.

    • Valor cultural e econômico: É uma das atividades extrativistas mais antigas e rentáveis da região. Gera renda para milhares de famílias.

    • Organização comunitária: Cooperativas fortes, como a COOPERAVES (Rondônia) e a COOPERXINGU (Pará), agregam valor à castanha, realizam o beneficiamento (quebra, secagem e seleção) e comercializam diretamente, melhorando o preço pago ao produtor.

  • Desafio: Flutuação de preços no mercado internacional e a dependência de um único produto.

b) Açaí:

  • O que é: Colheita dos frutos do açaizeiro (Euterpe oleracea), nativo das várzeas amazônicas.

  • Por que é um sucesso ESPETACULAR:

    • Explosão de mercado: A popularização do açaí no Brasil e no mundo criou uma demanda massiva, transformando-o em um “ouro roxo” para as comunidades ribeirinhas.

    • Manejo sustentável: O açaí nativo é cultivado em sistemas agroflorestais (SAFs), onde coexiste com outras espécies, preservando a biodiversidade. O manejo correto evita a derrubada da floresta para plantar capoeira (açaí monoespecífico).

    • Geração de renda: Tornou-se a principal fonte de renda para milhares de famílias no Pará, Amapá e Amazonas, muitas vezes superando a pecuária em rentabilidade por hectare.

  • Desafio: A pressão do mercado pode levar à simplificação dos sistemas (plantio de apenas açaí) e ao uso excessivo de insumos, ameaçando a sustentabilidade a longo prazo.

c) Borracha Natural (Cernambi Virgem Peso):

  • O que é: Extração do látex da seringueira (Hevea brasiliensis).

  • Por que é um sucesso (renascido):

    • Histórico: Foi a base do primeiro ciclo econômico de base florestal, liderado por Chico Mendes.

    • Mercados de nicho: Encontrou novo fôlego em mercados de alto valor, como a indústria de preservativos (o projeto da NATEX no Acre abastece o SUS) e empresas de calçados premium (como a Veja) que buscam borracha sustentável e de baixo carbono.

    • Certificação: Os seringais manejados por comunidades recebem certificações (como FSC), agregando valor e garantindo práticas sustentáveis.

  • Desafio: Competição com a borracha sintética (derivada do petróleo) e com a borracha plantada em monocultura no Sudeste Asiático.

2. Produção Familiar e Agroecologia: Integração com a Floresta

Estes casos vão além da coleta e envolvem o cultivo em sistemas que imitam a floresta.

a) Sistemas Agroflorestais (SAFs) e Café Agroflorestal:

  • O que é: Cultivo consorciado de diversas espécies (frutíferas, madeireiras, culturas anuais) em uma mesma área, simulando a estrutura de uma floresta.

  • Por que é um sucesso:

    • Recuperação de áreas degradadas: SAFs são ferramentas poderosas para recuperar pastagens degradadas, trazendo de volta a biodiversidade.

    • Renda diversificada e constante: A família tem produção para consumo e venda ao longo de todo o ano (cacau, cupuaçu, açaí, banana, madeira para futuro).

    • Café Agroflorestal: Projetos no Acre e em Rondônia mostram que é possível produzir café de alta qualidade sob a sombra da floresta, com menor necessidade de insumos e maior resiliência às mudanças climáticas. A Cooperativa Café Apuí (AM) é um exemplo notável.

  • Desafio: Requer mais conhecimento técnico e mão de obra inicial do que a monocultura.

b) Cacau Nativo e Cabruca:

  • O que é: Cultivo do cacau (Theobroma cacao) sob o dossel da floresta.

  • Por que é um sucesso:

    • Produto de alto valor: O cacau fino e de aroma, típico da Amazônia, é cobiçado por chocolatiers artesanais no mundo todo.

    • Preservação: O sistema “cabruca” (onde a floresta é raleada para plantar cacau) mantém até 80% da sombra original, preservando solo, água e biodiversidade.

    • Exemplos: A Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (CAMTA) no Pará é um caso clássico, iniciado por imigrantes japoneses e hoje integrada com comunidades locais, produzindo cacau, pimenta-do-reino e frutas em SAFs.

3. Extrativismo Animal Sustentável

Manejo de Pirarucu:

  • O que é: Técnica de pesca manejada desenvolvida por comunidades ribeirinhas e indígenas. Envolve a contagem dos peixes, a definição de cotas de pesca e a vigilância dos lagos para combater a pesca predatória.

  • Por que é um sucesso INCRÍVEL:

    • Recuperação populacional: Onde o manejo é aplicado, a população de pirarucu, que estava ameaçada, se recupera de forma impressionante.

    • Alto valor agregado: O pirarucu manejado é vendido por um preço superior no mercado, por ter a garantia de origem sustentável.

    • Fortalecimento comunitário: Exige uma organização social muito forte, como a dos Médio Juruá (AM) e na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (AM).

  • Desafio: Combater a pesca ilegal e expandir o modelo para outras regiões.

Fatores Comuns a Todos os Casos de Sucesso:

  1. Organização Comunitária: A existência de associações, cooperativas e sindicatos fortes é fundamental para agregar valor, comercializar diretamente e negociar políticas públicas.

  2. Assistência Técnica: Apoio de instituições de pesquisa (como a Embrapa) e ONGs (como IPAM, ISA, WWF) no desenvolvimento e aperfeiçoamento das técnicas de manejo.

  3. Certificação e Rastreabilidade: Selos como Fair Trade (Comércio Justo) e FSC (Manejo Florestal) garantem ao consumidor que o produto veio de uma área manejada de forma sustentável e com justiça social, abrindo portas para mercados premium.

  4. Acesso a Mercados Diferenciados: A conexão direta com consumidores conscientes, restaurantes gourmet e empresas que valorizam a sustentabilidade é crucial para obter um preço justo.

 

Em resumo, os maiores casos de sucesso na Amazônia não são baseados na substituição da floresta, mas no uso inteligente e renovável de sua biodiversidade, sempre associado ao fortalecimento das comunidades tradicionais. 

Estes modelos provam que a floresta vale mais em pé do que derrubada.

Nordeste - casos de sucesso

1. Fruticultura Irrigada no Vale do São Francisco (PE/BA)

Este é, sem dúvida, o caso de sucesso mais conhecido internacionalmente.

  • O que é: Cultivo de uvas, mangas, goiabas e outras frutas de alto valor em regime de irrigação nas margens do Rio São Francisco.

  • Fatores de Sucesso:

    • Clima favorável: A região possui sol o ano todo e pouca chuva, o que permite até três colheitas anuais de algumas frutas e reduz a incidência de doenças.

    • Tecnologia: Uso de técnicas avançadas de irrigação (gotejamento, por exemplo) e controle de qualidade.

    • Mercado: A produção é voltada tanto para o mercado interno de alto padrão quanto para a exportação (Europa, EUA).

    • Organização: Muitos agricultores estão organizados em cooperativas, como a Cooperativa de Produtores de Hortifrutigranjeiros de Petrolina (COOPERCUC), que facilita a comercialização, o acesso a crédito e a assistência técnica.

  • Impacto: Geração de milhares de empregos, desenvolvimento econômico regional e transformação de uma área semiárida em um polo de agronegócio de ponta, liderado por agricultores familiares.

2. Produção de Mel no Sertão (Vários Estados, com destaque para Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte)

A apicultura é um excelente exemplo de convivência com o semiárido.

  • O que é: Criação de abelhas para produção de mel, pólen, própolis e outros derivados.

  • Fatores de Sucesso:

    • Adaptação ao Bioma: A flora da Caatinga, especialmente durante a florada, fornece um nectar único, resultando em méis de sabores e propriedades diferenciadas, muito valorizados.

    • Baixo custo inicial: A atividade não requer grandes áreas de terra.

    • Organização Cooperativista: Cooperativas como a COAPIS (Cooperativa de Apicultores do Sertão Central do Ceará) agregam a produção de centenas de famílias, garantindo padrão de qualidade, certificação e acesso a mercados formais.

    • Sustentabilidade: A apicultura ajuda na polinização de plantas nativas e cultivadas, fortalecendo o ecossistema.

  • Impacto: Geração de renda complementar importante, especialmente em períodos de estiagem, e posicionamento de um produto de alta qualidade no mercado.

3. Policultivos Agroecológicos e Feiras Livres (Especialmente em Zonas da Mata, como na Zona da Mata de Pernambuco e Alagoas)

Essa é uma vitória da agricultura sustentável e da venda direta ao consumidor.

  • O que é: Cultivo diversificado (hortaliças, frutas, raízes) sem o uso de agrotóxicos, baseado nos princípios da agroecologia. A comercialização ocorre principalmente em feiras locais e institucionais.

  • Fatores de Sucesso:

    • Assistência Técnica: A atuação de organizações não-governamentais, como o Centro Sabiá em Pernambuco, foi crucial para difundir as técnicas agroecológicas.

    • Valor Agregado: Os produtos “sem veneno” e orgânicos têm valor de mercado maior e procura crescente.

    • Programas Públicos: O PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) garantem a compra da produção para merenda escolar e estoques públicos, oferecendo segurança ao agricultor.

    • Feiras Diretas: As feiras agroecológicas permitem uma relação direta com o consumidor, eliminando intermediários e aumentando a renda do produtor.

  • Impacto: Melhoria da segurança alimentar local, preservação do meio ambiente e autonomia das famílias agricultoras.

4. Caprinovinocultura (Criação de Cabras e Ovelhas) no Sertão (PB, PE, RN)

A criação de pequenos ruminantes é uma tradição secular no Sertão, modernizada com técnicas de manejo.

  • O que é: Criação de cabras e ovelhas para produção de carne, leite e derivados (queijos, doces).

  • Fatores de Sucesso:

    • Adaptação Animal: Cabras e ovelhas são bem adaptadas ao clima semiárido e à vegetação da Caatinga.

    • Melhoria Genética e Manejo: Projetos de assistência técnica têm introduzido raças melhoradas e técnicas de alimentação suplementar (palma forrageira) e manejo sanitário, aumentando a produtividade.

    • Agregação de Valor: A produção de queijos e outros derivados com padrão de qualidade permite vender por um preço maior. Festivais gastronômicos, como o Festival da Carne de Sol e do Bode em Pirangi (RN), impulsionam o mercado.

  • Impacto: É uma das principais fontes de proteína animal e de renda para as famílias sertanejas, garantindo sustento mesmo em condições climáticas adversas.

5. Cultivo de Cacau nos Tabuleiros Costeiros (Sul da Bahia)

Embora o Sul da Bahia seja uma região mais úmida, faz parte do Nordeste e é um exemplo clássico de agricultura familiar de alto valor.

  • O que é: Cultivo de cacau, muitas vezes em sistemas chamados Cabrucas, onde o cacau é plantado à sombra da mata Atlântica nativa.

  • Fatores de Sucesso:

    • Sistema Sustentável: O sistema cabruca é um modelo de produção que preserva a biodiversidade.

    • Qualidade e Origem: O cacau do Sul da Bahia é reconhecido por sua qualidade e dá origem a chocolates finos (“bean-to-bar”).

    • Cooperativismo: Cooperativas fortes, como a Cooperação de Produtores de Cacau (CPC), ajudam os agricultores na comercialização e no processamento parcial do produto.

  • Impacto: Manutenção de uma cultura histórica com valor agregado extremamente alto, combinando produção com conservação ambiental.

Fatores Comuns a Todos os Casos de Sucesso:

  1. Organização Coletiva: A força das cooperativas e associações é um denominador comum. Juntos, os agricultores têm mais força para comprar insumos, vender produtos e acessar políticas.

  2. Acesso a Políticas Públicas: Programas como PAA, PNAE, Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e projetos de irrigação foram fundamentais.

  3. Assistência Técnica de Qualidade: A presença de extensionistas rurais que entendem o contexto local é crucial para a adoção de tecnologias adequadas.

  4. Visão de Mercado: Os agricultores bem-sucedidos não produzem apenas para subsistência; eles identificam nichos de mercado (produtos orgânicos, méis especiais, frutas para exportação) e agregam valor.

  5. Convivência com o Semiárido: Muitas iniciativas superaram a visão de “combate à seca” e adotaram a filosofia de “convivência com o semiárido”, usando tecnologias sociais como cisternas e estratégias de manejo adaptadas.

Em resumo, a agricultura familiar nordestina é dinâmica e inovadora. Seus casos de sucesso mostram que, com as ferramentas certas e organização, é possível gerar renda, desenvolver a região e produzir alimentos de qualidade de forma sustentável.

Centro-Oeste - casos de sucesso

A imagem do Centro-Oeste brasileiro é dominada pelo agronegócio de larga escala (soja, milho, algodão e gado). No entanto, existem casos de grande sucesso da agricultura familiar e do extrativismo que são fundamentais para a economia local, a conservação ambiental e a diversidade cultural da região.

1. Agricultura Familiar no Centro-Oeste

A agricultura familiar no Centro-Oeste se destaca pela produção de alimentos para o mercado interno, pela agregação de valor e pela ocupação de nichos de mercado específicos.

Casos de Sucesso:

a) Produção de Hortifrúti e Alimentos para o Mercado Local:

  • Goiás (Região da Grande Goiânia e Entorno do DF): É um grande exemplo. Agricultores familiares abastecem as centrais de abastecimento (como a CEASA de Goiânia) com uma enorme variedade de verduras, legumes e frutas (alface, tomate, couve, banana, goiaba, etc.). A proximidade com grandes centros urbanos garante um mercado consumidor constante e rentável.

  • Mato Grosso do Sul (Cinturão Verde de Campo Grande): Situação similar à de Goiás, com produtores fornecendo hortaliças e frutas para a capital e interior. A olericultura (cultivo de legumes e verduras) é uma atividade consolidada e economicamente viável para milhares de famílias.

b) Integração com Cadeias do Agronegócio:

  • Produção de Sementes (Sorgo, Milho, Pastagens): Muitas famílias no Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul são contratadas por grandes empresas para produzir sementes certificadas. Isso garante renda estável e acesso a tecnologia.

  • Criação de Gado de Leite: A pecuária leiteira é uma atividade tradicional e forte na agricultura familiar da região. Estados como Goiás e Mato Grosso do Sul têm bacias leiteiras importantes, com produtores fornecendo para laticínios locais e grandes cooperativas. A qualidade do rebanho e a profissionalização têm aumentado a produtividade.

c) Agregação de Valor e Niche Markets:

  • Produção de Queijos Finos e Artesanais: Em regiões como a Serra da Mantiqueira (divisa de Goiás com Minas Gerais) e no Pantanal, famílias produzem queijos artesanais de alta qualidade, valorizados no mercado gourmet. Exemplos incluem o Queijo Artesanal da Canastra (influência mineira em Goiás) e queijos do Pantanal.

  • Fruticultura Irrigada: Em municípios com disponibilidade de água, como no Vale do Araguaia (MT) e em áreas de cerrado com pivôs centrais, a fruticultura para polpas e frutas in natura é um sucesso (maracujá, abacaxi, caju).

  • Apicultura (Mel do Cerrado): A produção de mel e derivados é uma atividade crescente e sustentável. O mel das flores do cerrado é muito valorizado pelo sabor diferenciado e propriedades medicinais. Cooperativas de apicultores comercializam o produto para todo o Brasil.

d) Assentamentos da Reforma Agrária:

  • Assentamentos bem-sucedidos, especialmente no Mato Grosso do Sul e Goiás, mostram que é possível conciliar produção, geração de renda e organização social. Eles frequentemente se destacam na produção de alimentos diversificados, na criação de animais e no beneficiamento de produtos (como polpas de frutas).


2. Extrativismo Sustentável no Centro-Oeste

O extrativismo no Centro-Oeste está intrinsecamente ligado aos biomas Cerrado e Pantanal. O sucesso está na conciliação da geração de renda com a conservação.

Casos de Sucesso:

a) Babaçu:

  • Principal Região: Norte de Mato Grosso (em áreas de transição com a Amazônia).

  • Modelo de Sucesso: As quebradeiras de coco babaçu organizadas em cooperativas extraem o coco de forma sustentável. Delas, aproveitam-se o mesocarpo (para farinha), a amêndoa (para azeite e cosméticos) e o caroço (para carvão). É um exemplo clássico de economia extrativista que mantém a floresta em pé e empodera mulheres.

b) Baru:

  • “Ouro do Cerrado”: O baru é o caso mais emblemático de sucesso recente. A castanha, antes consumida apenas localmente, ganhou status de “superalimento” no mercado nacional e internacional.

  • Modelo de Sucesso: Comunidades extrativistas, muitas vezes assessoradas por ONGs e cooperativas, coletam o baru de forma manejada. A castanha é vendida para empresas que a comercializam torrada, em barras de cereal, óleos e farinhas. O alto valor de mercado garante renda significativa para as famílias e incentiva a preservação do pé de baru, uma espécie nativa do cerrado.

c) Pequi:

  • Símbolo Cultural e Gastronômico: Fruto típico do cerrado, fundamental para a culinária goiana, mineira e do interior do Brasil.

  • Modelo de Sucesso: O extrativismo do pequi movimenta economias locais inteiras durante a safra (dezembro a março). Além do consumo in natura, o pequi é processado para produção de conservas, óleos (usados na culinária e cosméticos) e licores. A coleta é feita por famílias que complementam sua renda anual de forma significativa.

d) Outros Produtos do Cerrado:

  • Cagaita: Fruta ácida usada em sucos, sorvetes e licores.

  • Mangaba: Fruta para polpas e sorvetes, típica de áreas arenosas.

  • Óleos Naturais (Copaíba, Pequi, Baru): Usados pelas indústrias farmacêutica e de cosméticos.

  • Plantas Medicinais: Como a fava d’anta (barbatimão), cujo princípio ativo é exportado.

e) Extrativismo no Pantanal:

  • Pescado Sustentável: Comunidades ribeirinhas e pescadores artesanais praticam a pesca manejada, seguindo períodos de defeso para preservar as espécies. O peixe é comercializado nas cidades pantaneiras e no resto do país.

  • Artesanato com Fibras Naturais: Como o carandá e a taboa, transformadas em bolsas, esteiras e objetos de decoração, valorizando a cultura local e gerando renda.


Fatores Comuns de Sucesso (O que faz dar certo?)

  1. Organização Coletiva: A formação de cooperativas e associações é crucial. Elas permitem escalar a produção, negociar melhores preços, acessar políticas públicas e certificações.

  2. Assistência Técnica (ATER): Apoio de instituições como a EMBRAPA, Ematers e ONGs para melhorar as técnicas de produção, manejo e processamento.

  3. Agregação de Valor: Não vender apenas a matéria-prima in natura, mas processá-la (polpas, óleos, castanhas torradas, queijos), aumentando significativamente a renda.

  4. Acesso a Mercados Diferenciados: Feiras locais, programas governamentais (como o PAA – Programa de Aquisição de Alimentos e o PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar) e mercados que valorizam produtos sustentáveis e de origem.

  5. Certificações: Selos como “Orgânico”, “Bem-Estar Animal” ou de Indicação Geográfica (IG) – como a do Pequi do Cerrado – conferem credibilidade e valor ao produto.

  6. Conservação Ambiental: No caso do extrativismo, o sucesso econômico está diretamente ligado à manutenção do bioma em pé, criando um círculo virtuoso de conservação e geração de renda.

Os casos de sucesso da agricultura familiar e do extrativismo no Centro-Oeste mostram que existe um “outro” Centro-Oeste, vibrante e diverso, que atua na contramão do modelo do monocultivo em larga escala. 

Eles são prova de que é possível conciliar produção de alimentos, geração de renda, justiça social e a conservação do Cerrado e do Pantanal, biomas únicos e ameaçados.

Sudeste - casos de sucesso

A agricultura familiar no Sudeste do Brasil é extremamente diversificada e dinâmica, impulsionada pela proximidade com os maiores centros urbanos do país, o que facilita o acesso a mercados consumidores exigentes e de alto poder aquisitivo.

1. Café Agroflorestal no Vale do Paraíba (SP) e em Minas Gerais

  • O Caso: Produtores de café, especialmente na região de Serra da Mantiqueira (em divisa entre SP e MG), estão adotando sistemas agroflorestais (SAFs). Eles cultivam café sombreado por árvores nativas e frutíferas.

  • Fator de Sucesso:

    • Valor Agregado: O café produzido sob sombra é de alta qualidade, com perfil de sabor diferenciado, atraindo o mercado de specialty coffee (café especial).

    • Sustentabilidade: O sistema recupera solos, preserva nascentes e aumenta a biodiversidade, permitindo que o produtor venda não só o café, mas também créditos de carbono e outros produtos da floresta.

    • Reconhecimento: Muitas dessas propriedades conquistam certificações orgânicas e de fair trade, alcançando preços melhores no mercado internacional.

2. Olericultura Orgânica na Região Metropolitana de São Paulo e Belo Horizonte

  • O Caso: Agricultores familiares nas cercanias de grandes cidades como São Paulo (Ex: Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Curucutu) e Belo Horizonte se especializaram na produção de hortaliças, legumes e frutas orgânicas.

  • Fator de Sucesso:

    • Logística e Mercado Certo: A proximidade com os centros urbanos permite a venda direta por meio de feiras orgânicas (como a Feira do Produtor Orgânico no Parque da Água Branca, em SP), entrega por assinatura (CSAs – Comunidade que Sustenta a Agricultura) e fornecimento para restaurantes e supermercados premium.

    • Saúde e Consciência Alimentar: Atendem à demanda crescente por alimentos saudáveis, sem agrotóxicos.

    • Associativismo: Muitos se organizam em cooperativas (como a Cooperativa Agroecológica de Terras Altas, em MG) para ganhar escala e poder de negociação.

3. Queijos Finos Artesanais de Minas Gerais

  • O Caso: Talvez o caso mais emblemático da agricultura familiar no Sudeste. Em regiões como a Serra da Canastra, Serro, Araxá e Campo das Vertentes, famílias mantêm a tradição secular de produzir queijos artesanais de leite cru.

  • Fator de Sucesso:

    • Patrimônio Cultural: O queijo minas artesanal é um patrimônio cultural imaterial do Brasil. O sabor único, ligado ao terroir (solo, clima e pastagens) e às técnicas tradicionais, é seu maior diferencial.

    • Valorização e Legalização: Após décadas de luta, os produtores conseguiram a regulamentação estadual e, mais recentemente, a federal, permitindo a comercialização interestadual. Isso abriu mercados em todo o país.

    • Turismo Gastronômico: As regiões produtoras se tornaram polos de turismo, onde os visitantes podem conhecer as fazendas, comprar o produto diretamente e gerar renda adicional.

4. Polos de Fruticultura no Norte do Espírito Santo e no Interior de São Paulo

  • O Caso: No Espírito Santo, o município de São Mateus se destaca na produção de mamão e maracujá. No interior de São Paulo, regiões como Piedade e Jarinu são conhecidas pelo morango e por outras frutas.

  • Fator de Sucesso:

    • Tecnologia e Assistência Técnica: Muitos produtores contam com apoio de instituições como o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e a CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral) em SP, que introduzem variedades mais produtivas e técnicas de manejo eficientes.

    • Comercialização Coletiva: A venda conjunta por meio de cooperativas ou associações permite escoar a produção para os CEASAs (Centros de Abastecimento) e até para a indústria de polpas e sucos.

5. Agroturismo e Turismo Rural no Interior do Rio de Janeiro e São Paulo

  • O Caso: Em regiões serranas e rurais, como a Serra Fluminense (Nova Friburgo, Teresópolis) e o interior de SP (Brotas, São Bento do Sapucaí), as propriedades familiares diversificaram sua renda abrindo as porteiras para o turismo.

  • Fator de Sucesso:

    • Diversificação da Renda: Oferecem hospedagem (hotéis-fazenda), restaurantes com comida caseira, trilhas, banhos de cachoeira, colheita de frutas diretamente do pé (pick-your-own) e venda de produtos coloniais.

    • Experiência Autêntica: O turista busca contato com a natureza e uma experiência rural autêntica, que a agricultura familiar pode oferecer melhor do que qualquer outro segmento.


Fatores Comuns de Sucesso na Região Sudeste:

  1. Proximidade com o Mercado Consumidor: O maior trunfo da região. Permite a venda direta, reduz custos de transporte e agrega valor com produtos frescos e de qualidade.

  2. Agregação de Valor: Não vendem apenas commodities. Vendem qualidade, tradição, sustentabilidade e experiências (orgânicos, queijos artesanais, agroflorestas, turismo).

  3. Organização Coletiva: A força das cooperativas e associações é fundamental para a comercialização, acesso a crédito (como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF) e assistência técnica.

  4. Adaptação e Inovação: Os agricultores familiares do Sudeste são ágeis em adotar novas técnicas (como os SAFs) e em identificar nichos de mercado (como os alimentos orgânicos e gourmet).

  5. Valorização da Cultura e da Tradição: Casos como o do queijo minas artesanal mostram que a tradição, quando bem gerida e regulamentada, pode ser um poderoso motor de desenvolvimento.

A agricultura familiar no Sudeste prospera quando consegue conciliar a produção de alimentos com a sustentabilidade, a inovação e uma conexão direta e de qualidade com o consumidor final.

Sul - casos de sucesso

A agricultura familiar no Sul do Brasil é um dos pilares da economia regional e um exemplo de sucesso nacional, combinando tradição, inovação e forte organização coletiva. Os casos de sucesso estão frequentemente ligados à cooperação (por meio de cooperativas), à agregação de valor aos produtos e à adoção de sistemas de produção sustentáveis.

1. Cooperativismo como Base do Sucesso: O Caso do Paraná (Cooperativa Castrolanda e Frísia)

  • O Modelo: No município de Castro (PR), três cooperativas de origem holandesa (Castrolanda, Frísia e Capal) formam um dos mais bem-sucedidos arranjos cooperativistas do país. Embora algumas propriedades sejam de médio porte, o espírito familiar e a gestão coletiva são marcantes.

  • Fatores de Sucesso:

    • Alta Tecnificação: Adoção de tecnologia de ponta na pecuária leiteira (ordenha robótica, resfriamento de qualidade) e na agricultura (plantio direto, gestão de precisão).

    • Agregação de Valor: Não se limitam à produção de commodities. Industrializam o leite (queijos finos, manteiga), processam grãos e produzem sementes de alto padrão.

    • Gestão Profissional e Herança Familiar: Unem a eficiência da gestão empresarial com o conhecimento e o cuidado típicos da propriedade familiar.

    • Exportação: Possuem marcas consolidadas e acesso a mercados internacionais.

2. Diversificação e Agroecologia: O Caso do Vale do Taquari (Rio Grande do Sul)

  • O Modelo: Na região do Vale do Taquari, muitas famílias estão migrando do modelo monocultor (soja, milho) para sistemas diversificados e agroecológicos.

  • Fatores de Sucesso:

    • Produção de Alimentos para Mercados Locais: Cultivo de uma grande variedade de hortaliças, frutas (como pêssego e figo para produção de doces) e criação de animais de pequeno porte (galinhas caipiras, suínos).

    • Venda Direta: Comercialização em feiras livres, programas governamentais (como o PAA – Programa de Aquisição de Alimentos e o PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar) e entregas por assinatura (CSAs – Comunidade que Sustenta a Agricultura).

    • Sustentabilidade: Uso de práticas que preservam o solo e a água, reduzindo custos com insumos externos e atraindo consumidores conscientes.

3. O Sucesso da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) no Oeste do Paraná e de Santa Catarina

  • O Modelo: Muitas propriedades familiares têm adotado o sistema de ILPF, que integra, na mesma área, o cultivo de grãos, a criação de gado e o plantio de árvores (como eucalipto para madeira ou erva-mate).

  • Fatores de Sucesso:

    • Renda o Ano Inteiro: Diversifica as fontes de renda, reduzindo a dependência de uma única cultura e os riscos climáticos e de mercado.

    • Melhoria do Solo e do Ambiente: O sistema recupera pastagens degradadas, aumenta a matéria orgânica do solo e cria um microclima mais favorável para os animais.

    • Eficiência na Propriedade: Otimiza o uso da terra, permitindo alta produtividade mesmo em áreas menores, típicas da agricultura familiar.

4. Indicação Geográfica (IG) e Valorização Cultural: O Queijo Serrano e o Erva-Mate no Planalto Sul

  • O Modelo: Produtos tradicionais ganham reconhecimento e valor de mercado através do registro de Indicação Geográfica.

    • Queijo Serrano dos Campos de Cima da Serra (SC/RS): Produzido de forma artesanal por décadas, o queijo conquistou o reconhecimento por sua qualidade e tradição. Isso permitiu que os produtores familiares comercializassem seu produto a preços justos, garantindo autenticidade e origem.

    • Erva-Mate do Planalto Norte Catarinense: A IG valoriza a erva-mate produzida de forma tradicional e agroecológica, abrindo portas para mercados premium.

  • Fatores de Sucesso:

    • Valorização da Identidade Cultural: O produto carrega uma história e um savoir-faire único, impossível de ser replicado em larga escala.

    • Diferenciação no Mercado: O selo de IG é um atestado de qualidade e origem, atraindo consumidores dispostos a pagar mais por um produto autêntico.

    • Organização Coletiva: A conquista da IG exige a articulação dos produtores em associações fortes.

5. Fruticultura de Clima Temperado em Santa Catarina

  • O Modelo: Na região de Fraiburgo (SC) e arredores, a agricultura familiar se especializou no cultivo de maçãs, uvas, pêssegos e outras frutas de clima temperado.

  • Fatores de Sucesso:

    • Especialização e Escala: Apesar de serem propriedades familiares, a especialização em uma cadeia produtiva específica (com alto padrão de qualidade) permitiu que atingissem escala para abastecer o mercado nacional e até exportar.

    • Articulação com Indústria: Muitos produtores fornecem para grandes indústrias de sucos e conservas, enquanto outros se dedicam ao mercado in natura.

    • Turismo Rural: Muitas propriedades abrem para turismo, com colheita direta do pomar (colher e pagar), enoturismo e venda direta, agregando ainda mais valor.


Fatores Comuns por Trás de Todos os Casos de Sucesso:

  1. Cooperativismo e Associativismo: A união dos produtores para comprar insumos, industrializar a produção e comercializar é o fator mais crítico para o sucesso.

  2. Assistência Técnica de Qualidade (Emater/EPAGRI, etc.): Instituições públicas fortes fornecem capacitação técnica constante, essencial para a adoção de tecnologias e práticas sustentáveis.

  3. Agregação de Valor: Os agricultores mais bem-sucedidos não vendem apenas matéria-prima. Eles processam, embalam, criam marcas e contam a história do seu produto.

  4. Acesso a Políticas Públicas: Programas como o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) fornecem crédito adaptado à realidade familiar, permitindo investimentos.

  5. Resiliência e Adaptação: As famílias do Sul demonstraram grande capacidade de se adaptar às mudanças de mercado e climáticas, diversificando produção e adotando novos modelos.

 

O sucesso da agricultura familiar no Sul do Brasil é uma combinação de herança cultural, organização coletiva e uma visão empresarial moderna que busca não apenas produzir, mas criar valor e sustentabilidade para as futuras gerações.

Conclusão

A grande oportunidade é entender que a agricultura familiar não é um apêndice do combate à fome, mas a solução central e estruturante

Um programa Fome Zero moderno e eficaz deve ser, em grande medida, um programa massivo de fomento à agricultura familiar.

Ao comprar diretamente deles, o governo:

  1. Combate a fome ao distribuir alimentos de qualidade.

  2. Gera renda no campo, combatendo a pobreza rural que é uma das causas da fome.

  3. Promove desenvolvimento territorial equilibrado.

  4. Protege o meio ambiente ao incentivar modelos de produção mais sustentáveis.

É uma política que cria um ciclo virtuoso: gera emprego e renda para quem produz e garante comida saudável na mesa de quem precisa, tornando o sistema alimentar brasileiro mais justo, resiliente e soberano.

Leia também:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Eu defendo o Brasil

Eu defendo o Brasil

Eu defendo o Brasil pela nossa soberania, justiça social, proteção do meio ambiente, contra a fome, a miséria e a opressão. Ditadura nunca mais.

Leia mais »
Outros Artigos