“Uma Nova Ordem Mundial”

Uma Nova Ordem Mundial

Uma nova ordem mundial, com 3 polos de influência: China, Rússia e Estados Unidos Grandes de Novo.

Trump nega qualquer estrutura de governança internacional

A Segunda Guerra e a Ordem Mundial

Conferência de Yalta Criméia
Conferência de Potsdan

Com a confirmação da derrota da Alemanha, Roosevelt, Curchil e Stalin se reunem em uma Conferência em Yalta, na Criméia, entre os dias 4 e 11 de fevereiro, para discutir o futuro do mundo após a guerra. Na pauta, o futuro da Alemanha, as reparações de guerra, a continuidade da guerra do Japão e o futuro da Polônia, considerado um país estratégico pela União Soviética por ser historicamente o caminho de entrada das guerras contra a Rússia e posteriormente à União Soviética pelo exército de Hitler.

Pela primeira vez, os dirigentes discutem a divisão da Alemanha em em Zonas de Ocupação.

Terminada a Segunda Guerra Mundial, os vencedores se reuniram formalizar o acordo sobre suas área de influência. A Europa foi dividida em duas, tendo como eixo geográfico da divisão a cidade de Berlim.

Dividir a Alemanha foi uma decisão estratégica, para dividir artificialmente um país que demonstrava um potencial de crescimento econômico importante. Na Conferência de Potsdam, que ocorreu entre 17 de julho e 2 de agosto de 1945, foram mantidas as  quatro zonas de ocupação estabelecidas em Yalta,  controladas pelos Estados Unidos, Inglaterra e França, pelo lado ocidental e pela União Soviética pelo lado oriental.

Foram estabelecidos objetivos da ocupação da Alemanha pelos Aliados: desmilitarização, desnazificação, democratização e descartelização;

As economias Europa e da União Soviética foram destruídas pela guerra e  milhões de pessoas foram mortas. Para se reeguer, a União Soviética impôs pesadas reparações, enviando para seu território estruturas industriais inteiras da Alemanha que haviam sobrevivido à guerra. O quadro geral na Europa era de miséria, fome, proliferação de doenças e desespero.

Os vitoriosos e a Guerra Fria

Os grandes vitoriosos da Segunda Guerra Mundial foram os Estados Unidos, que durante o conflito desenvolveram uma poderosa indústria militar, sem viver a destruição da guerra em seu território e desenvolveram a bomba atômica, anunciada em Potsdan e utilizada em Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945. O poderio atômico era a arma para conter o poder de Stalin sobre toda a europa.

A União Soviética foi responsável por impor às tropas Hitler sucessivas derrotas nos países orientais, retomando a Polônia, a Hungria, a Romênia e a Bulgária e ocupando Berlim em 20 de abril de 1945. Os soviéticos demonstraram seu grande poderio militar e asseguraram a sua influência sobre os territórios ocupados.

A França foi libertada da ocupação alemã e a poderosa Grã Bretanha lutava para se recuperar da guerra e manter de alguma forma suas colonias tradicionais, incluindo o Canal de Suez.

Para conter o avanço soviético sobre uma Europa devastada pela guerra, onde a fome, a miséria, a destruição e a ameaça de doenças se expandiam, os Estados Unidos lançam o Plano de Recuperação Européia, elaborado pelo Secretário e Estado dos Estados Unidos, George Marshall.

Além de assegurar a influência dos Estados Unidos sobre a Europa, este plano foi importante para a afirmação dos Estados Unidos como uma potência econômica mundial.

Fonte dos valores apresentados: Livro The Marshall Plan Fifty Years Later

Finaciamentos do Plano marshall

Desta forma, se estabeleceu uma nova correlação de forças entre os Estados Unidos, influenciando fortemente a Europa Ocidental, a América Latina e o Japão e a União Soviética, incorporando os países ocupados do leste Europeu.

Se estabelece então um confronto político, econômico e militar entre estas potências que emergiram da Segunda Guerra, que foi conhecida como a Guerra Fria.

Este período se estendeu até 1991, marcado por confrontos indiretos entre os Estados Unidos e a União Soviética em diversas partes do mundo (Irã, Tchecoslovaquia, Grécia, Vietnã, Cuba, entre outros). estes confrontos foram denominados de Guerras por Procuração. 

A crise do leste europeu, marcado pela queda do muro de Berlim em 9 de novembro de 1989 e a posterior dissolução da União Soviética em 26 de dezembro de 1991 criou uma nova realidade: Os Estados Unidos passaram a reinar soberanos, influenciando profundamente a economia mundial.

A ONU e a Governança Internacional

A Organização das Nações Unidas foi fundada em 24 de agosto em 1945, com a intenção de impedir um novo conflito mundial. Inicialmente foi integrada por 54 países, tendo como base a Carta das Nações Unidas.

Sua missão foi definida como manter a segurança e a paz mundial, promover os direitos humanos, auxiliar no desenvolvimento econômico e no progresso social, proteger o meio ambiente e prover ajuda humanitária em casos de fome, desastres naturais e conflitos armados.

Sua atuação sempre foi prejudicada pelos conflitos decorrentes da Guerra Fria, mas desempenhou um papel importante ao incorporar mais países e patrocinar diversos conselhos de abrangência mundial, como os conselhos Econômico e Financeiro, Direitos Humanos, OMS, UNICEF entre outros.

Um dos conselhos mais importantes da ONU é o seu Conselho de Segurança, formado por 10 países membros rotativos e 5 membros permanentes (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido). Sua missão seria zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional. É o único órgão do sistema internacional capaz de adotar decisões obrigatórias para todos os 193 Estados-membros, podendo inclusive autorizar intervenção militar para garantir a execução de suas resoluções. 

Os Estados Unidos sempre assumiram um papel financeiro e político importantes nestes organismos, como seus fiadores e exercendo assim liderança e grande influência. 

Com a mudança das relações internacionais, os conflitos envolvendo Israel e o Oriente Medio, Irã e outros interesses geopolíticos, a capacidade da ONU de efetivamente operar a governança em nível global foi completamente esvaziada.

Deliberações importantes, com posição majoritária de países membros são vetadas pelos membros permanentes do Conselho de Segurança e outras deliberações, mesmo que decididas por ampla maioria, são sumariamente ignoradas.

O boicote sistemático à ONU, às suas deliberações e ao trabalho dos seus organismos internacionais cria uma barreira real à capacidade de todos trabalharem de maneira conjunta para resolver problemas urgentes e fundamentais:

  • O uso da ciência e da tecnologia para ao bem comum.
  • A erradicação da pobreza e da miséria a nível global
  • O fim da destruição rápida e sistemática do nosso planeta
  • A extinção de tiranias, ditaduras e regimes autoritários em diversos países

O boicote à ONU e seus organismos é  um boicote ao futuro e ao legado que deixaremos para nossos filhos e netos.

Se a crise econômica e política levou à dissolução do bloco soviético, os países ocidentais também precisaram conviver com suas crises. 

As sucessivas crises do petróleo – criação da OPEP em 1973 e a revolução iraniana em 1979 lançaram o mundo ocidental em situações econômicas e políticas complexas.

OPEP

A forte alta dos preços do petróleo em 1979 forçou as já elevadas taxas de inflação em vários dos principais países  para máximos de dois dígitos, nos Estados Unidos, Canadá, Alemanha Ocidental, Itália, Reino Unido e Japão.

É importante ressaltar que os Estados Unidos tiveram um papel relevantes nas duas crises do petróleo:

  • A OPEP foi criada como uma resposta direta dos países árabes à políticas de achatamento dos preços pelo cartel petrolífero conhecido como as sete irmãs
  • A crise de 1967, promovida pela  OPEP foi uma resposta  ao apoio dos Estados Unidos a Israel na Guerra dos 6 dias
  • A crise de 1973 foi decorrente do apoio dos Estados Unidos a Israel na Guerra do Yom Kippur em 1973 e ao apoio do ditador do Irã, o Xá Reza Pahlevi, derrubado pela revolução iraniana em 1979.
 
A crise econômica de 1980 provocou um grande impacto na economia americana e mundial. Os Estados Unidos viveram uma estagflação (a inflação chegou a 11.3% , com grave desaceleração econômica), com forte aperto monetário do FED, aumento do desemprego e crise das poupanças e empréstimos e em vários setores da economia americana.

 

Esta crise se espalhou pelo mundo, dando origem às crises das dívidas externas na América Latina. Ela foi considerada a maior crise mundial desde a Segunda Guerra e manteve impactos até meados de 1985.

A Nova Ordem Mundial de Trump

Trump e a nova Ordem Social

Este slogan foi utilizado por Ronald Reagan em 1980, durante a profunda crise que se abateu sobre os Estados Unidos e  em vários países do mundo, incluindo o Brasil. Reagan le declara na convenção dos republicanos: 

“Para aqueles que abandonaram a esperança. Vamos restaurar a esperança, e vamos recebê-los em uma grande cruzada nacional para fazer a América grande novamente”.

Trump retoma o slogan num cenário de decadência do poder político e econômico dos Estados Unidos, ascensão da China como uma potência rival mundial e descontentamento do povo americano. Ancorado numa profunda campanha anti-imigração, contra as minoras, contra o aborto e o apoio incondicional da “Infocracia” americana, ele pretende reposicionar o lugar dos Estados Unidos no contexto mundial.

Quais são os contornos da Nova Ordem Mundial segundo Trump?

Alguns pilares da estratégia de Trump estão claros:

  • Abandonar os organismos de Governança Internacional, como a ONU, Conferência do Clima, Comitês Internacionais em geral. Em seu entendimento, estes organismos não fazem mais sentido e “cada um deve cuidar de si”.
  • Concentrar a zona de influência dos Estados Unidos nas Américas, incorporando o Canadá (novo estado americano) e a Groenlândia, controlando o Canal do Panamá e impedindo a influência da China nos países latino-americanos
  • Delimitar as 3 potências internacionais e suas área de influência, a saber: USA e Américas, China e  a Ásia, incluindo  Taiwan, Rússia e Europa, processo acelerado pela retirada dos Estados Unidos da OTAN e entregando a Ucrânia aos Russos (desde que a Ucrânia pague pelas “reparações de guerra” – dinheiro pago pelo governo americano à indústrias de armamentos americanas – com minerais raros).
  • “Salvar” a economia americana, trazendo para os Estados Unidos as fábricas e toda a infra estrutura exportada durante a Globalização.

 

No plano interno, Trump acredita que a Plutocracia o ajudará a repatriar e modernizar os setores industriais de ponta. É uma aposta arriscada, considerando que a repatriação das indústrias é demorada e onerosa e que os avanços científicos e tecnológicos já conquistados pela China, que desponta como economia emergente, serão um sério obstáculo.

Nova Ordem Mundial sem a ONU

No plano internacional, Trump deseja voltar a um cenário anterior à Segunda Guerra Mundial, onde cada potência tratava de seus interesses sem qualquer preocupação global.

Ele sabe que a China desafia a liderança mundial dos Estados Unidos e quer concentrar seus esforços para manter a liderança, mesmo que para isso precise lançar aliados à própria sorte.

ONU

"Essa divisão geopolítica se assemelha ao cenário de equilíbrio de poder que existia antes da 2ª Guerra Mundial, quando grandes potências controlavam diferentes partes do mundo sem um sistema unificado de governança global. “Tudo isso representaria um retorno monumental à era da competição entre grandes potências e do equilíbrio de poder que prevalecia antes da 2ª Guerra Mundial. Não se trata de um ‘admirável mundo novo’, mas sim de um perigoso retorno ao passado”,

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