America Great Again – estratégia voltada para o passado

Trump e a nova Ordem Social

Make América Great Again é uma estratégia voltada para o passado, idealizada por um político autoritário com saudades de quando os USA eram gloriosos

America Great Again - O imaginário do Conservador Americano

Durante décadas durante o século XX, os Estados Unidos foram uma potência política e econômica, se aproveitando da miséria e destruição causadas de Primeira e Segunda Guerra Mundiais. Eles emergem como uma força soberana, se contrapondo à União Soviética e utilizando como a resposta ao comunismo.

Porém, as crises do Petróleo em 1973 e 1979 foram um duro golpe no American way of life

A indústria americana sofreu um profundo impacto com as crises do petróleo. Três setores foram particularmente afetados pela dependência de combustíveis e energia: Automóveis, Aeronáutica e Siderurgia, incluindo indústria pesada.

As “Big Three” viram seus lucros despencar, e foram obrigadas a demitir em massa. Segundo a imprensa, Detroit, a capital da indústria automobilística perdeu 250 mil empregos entre 1978 e 1982, a Chrisler precisou do resgate do governo americano para não fechar as portas e o mercado passou a consumir automóveis mais compactos e econômicos. De uma presença marginal, os fabricantes japoneses chegaram a 20% do mercado em 1980.

No cenário econômico e social, os impactos foram o brutal aumento do desemprego, escassez de combustíveis, aumento da inflação, que chegou a 13,5% em 1980, aumento das taxas de juros, que chegaram em 20% em 1981.

Resultado, uma profunda recessão.

Foi o fim do trabalhador industrial bem pago, com benefícios sociais vitalícios, bons salários e benefícios e um profundo golpe na estrutura da mão de obra sindicalizada e bem organizada.

  • De 1979 a 1983, a indústria automobilística americana perdeu 500 mil empregos
  • De 26% os empregos industriais em 1970 foram reduzidos para para 8% em 2020
  • Adoção de contratos flexíveis a partir de 1980, com menos custos com previdência e saúde.
  • Aumento das vagas nos setores de serviços, com salários menores e menos benefícios,
  • Precarização do trabalho, coma. criação de Uber, DoorDash e Amazon Flex
  • As fábricas migraram gradativamente para o exterior
  • A indústria passou a introduzir robôs na linha de produção
A falência de Detroit
Detroit na crise automotiva

O redesenho da economia americana

As lições da crise energética levaram a economia americana a um reposicionamento:

  • Redução da dependência energética exterior e procura de novas origens domésticas (Alasca e Golfo do México), xisto e exploração offshore.
  • Aposta em energias alternativas com energia nuclear e etanol
  • Fim da cultura de ‘Muscle Cars” e crescimento da demanda de carros compactos e mais econômicos
  • Desenvolvimento da cultura de eficiência energética 
  • Busca de maior eficiência operacional com a mudança das indústrias para países mais baratos (México e Ásia).

A globalização, que tem origens remotas no século XIV, na expansão colonial do século XV e na Revolução Industrial, ganha um novo impulso com o movimento político neo liberal dos governos de Ronald Reagan (Make America Great Again – 1980) e Margareth Tatcher.

O setor industrial cedeu lugar à inovação tecnológica, à Tecnologia da Informação, ao desenvolvimento científico, gerando produtos e serviços de maior valor agregado.

Para quem se destina o Make America Great Again?

Trump se dirige a um público branco, não hispânico, majoritariamente masculino, de idade superior a 45 anos, sem diploma universitário, pequenos empresários urbanos ou do meio rural.

Seu apelo é economicamente populista, com fortes traços machistas, racistas, trasnfóbicos e anti-imigrantes.

É o segmento que não consegue vislumbrar o futuro na nova estrutra política e econômica americana e sonha com a volta aos tempos áureos pré crise das década de 70.

É um apelo de volta ao passado.

A globalização e o novo trabalhador

A demanda de trabalhadores que emerge do novo cenário pós crise é muito diferente do trabalhador médio da indústria automobilística. 

É um profissional com formação universitária, perfil mais especializado, com experiência em tecnologia da informação.

Globalização

Ao antigo operário da indústria e ao eleitor típico de Trump, sem formação especializada, restam os serviços precarizados, concorrendo com os imigrantes, que aceitam trabalhar sem benefícios e  com salários mais baixos. 

Trump e a Plutocracia

Se o apoio popular vem do americano branco conservador, o apoio político e econômico está ancorado na tecnocracia americana, com Elon Musk à frente. Outros tecnocratas completam este time de apoio, seja por convicção ou por cumplicidade (quem não se manifesta contra é cúmplice).

Nova Ordem Mundial

O Lockdown do Covid-19 e a ascensão do poderio científico e tecnológico da China acenderam luzes de alerta na elite americana:

  • A parada das fábricas ao redor do mundo mostrou a vulnerabilidade da economia americana, ocasionada pela dependência global. Este foi o início do movimento de “volta para casa”.
  • O risco de perder a hegemonia em setores estratégicos como a produção de chips, semicondutores, baterias e equipamentos de telecomunicações tem motivado empresas com a Intel a imvestir cerca de 20 bilhões de dólares em fábricas em Ohio.

 

Mas o reinvestimento na indústria não será indiscriminado.

Ele será focado nos setores estratégicos e com alto nível de automação.e nas mega empresas que podem suportar longos períodos de contrariedade e podem gerar lucros astronômicos. Certamente não veremos qualquer movimento antitruste durante o governo Trump.

Ou seja, o americano médio conservador vai continuar sem seus empregos e sem acesso ao mercado altamente qualificado que é demandado.

Trazer as fábricas de volta não é assim tão simples

Segundo a vontade de Trump, o encarecimento das importações incentivaria os produtores a montar e/ou transferir suas fábricas para o território americano.

Mas esta estratégia não é tão simples de implementar:

  • Como resolver os custos de mão de obra, infinitamente mais baixos em países como a China, a Índia, o Vietnã, entre outros?
  • Qual o tamanho dos investimentos necessários qual é o tempo necessário para implanatr uma planta operacional da magnitude que estamos tratando?
  • Quanto tempo levará e quanto custará o treinamento da mão de obra necessária para viabilizar esta operação?
  • Em que estágio de automação está a economia americana para criar a infraestrutura para aa produção de semi condutores, chips, linhas  de produção de smartphones, computadores, roteadores, e os próprios robôes necessários?

Os gráficos acima mostram o desafio da reindustrialização nos Estados Unidos do ponto de vista de automação industrial. Para conseguir competir, os Estados Unidos precisariam instalar anualmente mais que a capacidade de instalação de robôs industriais de China, Coréia e Japão juntos.

OK, a estratégia pode priorizar os segmentos chave, mas o que fazer com os aumentos de tarifas generalizados para todos os países e todos os setores?

A resposta veio pouco dias depois: chips, semicondutores, computadores e smartphones foram isentados de sobretaxas. Não por acaso, a China é o maior fornecedor de computadores (50% a 60% do volume importado e smartphones, com um alto volume de produção da Apple. manter as sobretaxas seria privar os Estados Unidos destes equipamentos.

Perseguição às universidades e impactos no conhecimento e na inovação

Num momento em que o mundo procura avançar em direção ao que existe de melhor no  espírito humano, Trump, lança a sociedade americana, a sua educação e o seu processo inovador à idade das trevas. 

É uma volta ao final do século XIX.

Trump utiliza o corte de verbas com um instrumento para pressionar que as Universidades de alinhem à sua ideologia.

Transforma o repúdio justo ao massacre na Palestina em “anti-semitismo”. Persegue alunos e profissionais estrangeiros, as minorias LGBT, o direito ao aborto e outros avanços conquistados ao longo dos anos.

 

Trump e o corte de verbas às universidades

Até o momento as seguintes Universidades foram punidas com cortes:

  • Harvard – 2 bilhões de USD
  • Colúmbia – 400 milhões de USD
  • Princeton – 210 milhões de USD
  • Johns Hopkins – 800 milhões de UD
  • Pensilvânia – 175 milhões de USD

Como resultado dos cortes, as universidades estão reduzindo custos, demitindo funcionários e cortando linhas de pesquisa, como imunologia e tecnologia militar. 

Veremos os impactos nos próximos anos, sobre a formação dos profissionais, produções acadêmicas e patentes. 

Como todo bom tirano, Trump quer que todos, dirigentes de países do mundo, estudantes, professores, executivos e empresários 

“KISS HIS ASS”

"Estou te falando, esses países estão nos ligando, kissing my ass. Eles estão doidos para fazer um acordo. 'Por favor, por favor, senhor, me deixe fazer um acordo'"

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Outros Artigos