
Quando a vítima se torna culpada
Ela apanhou porque mereceu!
Imagina sair de casa sem a aprovação do marido, usar essa maquiagem, essas roupas….
Ela estava pedindo para apanhar.
Nas páginas dos nossos jornais, dezenas, centenas de casos desta natureza são reportados todos os dias. Da violência verbal aos maus tratos físicos até chegar ao cárcere privado e o assassinato.
Ém um assunto recorrente em nosso país, mas não só. Em muitos países, incluindo Oriente Médio , o tratamento da mulher como sua propriedade, um objeto, é considerado normal.
Por que isso acontece?
Eu faço porque eu posso!
Estamos falando de machismo?
Desculpem, mas o assunto vai muito mais além. Estamos falando de dominação, exploração, ganância e vontade de mostrar poder.
E no caso específico, a demonstração de força de alguém que sabe que estes podem ser os últimos estertores de um império em decadência. e precisa mostrar que está no controle.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (15/7) que decidiu taxar o Brasil em 50%, a maior taxa dentre as anunciadas a 24 países, porque ele pode fazer isso e quer “dinheiro entrando” no país.
Donald Trump, para a imprensa
Lula é o culpado
“Afinal, ele falou mal do Trump antes das eleições, está se aproximando da China, participa do BRICS, fala de reforma no Conselho de Segurança da ONU.
Quem procura acha. E nós os filhos, coitados, agora estamos indefesos porque a nossa mãe decidiu desafiar o pai”.
O fato do pai nos maltratar e nos humilhar pouco importa, porque é ele que manda.
O problema é muito mais sério
De fato, o Brasil está sendo penalizado porque na visão megaloniaca e doentia de Trump, porque não se submete aos interesses dos Estados Unidos e trabalha por um mercado multilateral e aberto, enquanto a política dominante nos estados Unidos é a reafirmação de um poder imperial sobre o mundo e principalmente sobre a América como um todo.
Estamos falando do Canadá se tornar mais um Estado Americano, da submissão do México, da retomada do Canal do Panamá e a da destruição de qualquer ameaça de pensamento diferente.
O caso da Europa é muito significativo: A União Européia é penalizada enquanto a Inglaterra fica protegida. É obrigada a aumentar as despesas militares para dar espaço para a indústria armamentista americana e a Palestina é o Show Room do “maior poder bélico do mundo”, onde a demonstração é coordenada por Netanyahu.
Falando do Caos
Recentemente, o professor Paulo Sabbag, pessoa que admiro pelo conhecimento e capacidade de entender as relações humanas, políticas e sociais, escreveu um artigo denominado “Caos“.
Nesse artigo ele explora o cenário criado pela gestão do governo Trump:
Sabemos que os sistemas complexos não são determinísticos: anomalias podem causar resultados imprevisíveis, o caos. O metereologista Edward Lorenz traduziu esse conceito com a frase famosa: "o bater de asas de uma borboleta no Brasil pode causar um tornado no Texas". Ou seja, em sistemas caóticos não determinísticos não há somente relações de causa-efeito. Outro ambiente caótico é o de governo, pela quantidade de fatores que afetam a gestão. E, sobretudo, a geopolítica em escala mundial, submetidas a acasos, iniciativas de uns países e reações de outros. Não devemos temer o caos. Apenas as pessoas controladoras por natureza impõem regras e antídotos, quando possível, tentando evitar o caos. O físico belga Ilya Prigogine explica: "O caos não é a morte da ordem, mas o nascimento de uma nova ordem." Teóricos da teoria da complexidade apostam que a "vida e a evolução emergem de dinâmicas caóticas que criam novos padrões espontaneamente". Ainda, Nassim Taleb diferencia: sistemas frágeis não resistem ao caos; sistemas robustos resistem; contudo os sistemas antifrágeis são capazes de se beneficiar do caos, se fortalecendo a partir dele.
Paulo Sabbag
Resumindo
Diante de uma situação desafiadora, criada independentemente da nossa vontade, não adianta:
- Agir como vassalos e tentar garantir as migalhas que Trump acredita qiue merecemos.
- Espernear e gritar sem procurar alternativas
Novos mercados, novos produtos, produtos de maior valor agregado, mais produtos destinados um mercado interno de 200 milhões de pessoas, incentivo à ciência, tecnologia, educação, vida melhor para o país com mais igualdade e maiores oportunidades.
A crise nos tira da zona de conforto. É isso que ouvimos diariamente em canais como o Linkedin.
Está na hora de colocar em prática.
Temos um mundo a conquistar e os resultados dependerão muito de nós.
Será que somos antifrágeis? Aliás, para mim ser antifrágil é ser resiliente (Taleb discorda).
Será que somos suficientemente resilientes para viver os próximos anos?Paulo Sabbag