O Brasil é um país onde convivem duas leis: uma para os pobres e outra para as elites. As evidências se acumulam ao longo dos anos e a injustiça se perpetua há séculos.
Duas leis para a mesma juíza
O criminoso travestido de Banqueiro, Daniel Vorcaro, foi preso pela Polícia Federal no Aeroporto de Guarulhos, no dia 17 de novembro de 2025, quando se preparava para sair do país.
A acusação: As investigações apontam que o Master pode ter movimentado cerca de R$ 12 bilhões em falsas operações de crédito, simulação de empréstimos e negociação de carteiras de crédito com bancos.
Sua prisão foi homologada pela desembargadora Solange Salgado da Silva.
Mas, com bons e caros advogados, qualquer membro ilustre da elite, que esbanja sinais de riqueza, consegue uma saída. A mesma desembargadora decidiu pela soltura de Vorcaro no dia 28, mediante medidas cautelares e uso de tornozeleira eletrônica.
Os delitos imputados não envolvem violência ou grave ameaça à pessoa e que o risco de evasão pode ser mitigado, já que os autos trazem documento comprovando que o paciente comunicou previamente ao Banco Central sua viagem internacional, "tendo informado formalmente o motivo da viagem - venda de instituição financeira - durante reunião oficial realizada na mesma data do embarque. A gravidade abstrata do delito não justifica, por si só, a prisão preventiva", sendo indispensável demonstrar que nenhuma medida alternativa atenderia aos fins cautelares.
Solange Salgado da Silva (extrato da decisão)
Palavra chave: violência ou grave ameaça
Ao argumentar pela soltura do banqueiro, a desembargadora usa a palavra chave: “os delitos imputados não envolvem violência ou grave ameaça à pessoa”.
Porque marcar este entendimento?
Facção criminosa é toda organização criminosa ultraviolenta, milícia privada ou grupo paramilitar, que visa ao controle de territórios ou de atividades econômicas, mediante o uso de violência, coação, ameaça ou outro meio intimidatório"
Marco Legal do Combate oa Crime Organizado - Câmara dos Deputados
Ao estabelecer esta diferença, a desembargadora segue pelo caminho aberto pela Câmara para evitar que organizações criminosas que não sejam “ultra violentas”sejam enquadradas nas mesmas penalidades propostas para o CV e PCC, não importando o tamanho do crime financeiro e quantidade de pessoas prejudicadas, como nos casos das fraudes do INSS, os desvios de Emendas Parlamentares, Banco Master e outros escândalos que podem ser descobertos.
Duas leis na prática
Aprovado como definido na Câmara dos Deputados, o Marco Legal Contra o Crime Organizado não incluirá os crimes financeiros, os crimes de colarinho branco, os desvios de verbas públicas e a lavagem de dinheiro, concentrando-se apenas nos criminosos das favelas.
Os criminosos da Faria Lima, das Mansões e dos Condomínios Fechados continuarão protegidos como sempre estiveram, com milhares de recursos, desvios, agravos, habeas-corpus e outras medidas protelatórias para não pagar pelos seus crimes.
Portanto, a injustiça social também é escancarada na maneira como a nossa sociedade encara os crimes. Pobres apodrecem nas cadeias ou são mortos nas ruas, não importando se cometeram crimes ou não. Os privilegiados não pagam por seus crimes ou, quando pagam, estão cercados por todos os recursos dos “direitos humanos”.
A Elite brasileira e os crimes
É surpreendente como as elites brasileiras criam laços profundos de amizade com criminosos poderosos.
Os casos se sucedem e a certeza de impunidade é tão grande que estas relações ficam marcadas em eventos faraônicos, Seminários, Simpósios etc., patrocinados com dinheiro sujo.
Estes eventos, cercados dude pompa e circunstancia são o cenário para as negociatas e o os golpes políticos.
O vídeo acima mostra uma das facetas das negociatas de Vorcaro, com Tarcísio de Freitas, o cunhado de Vorcaro, a EMAE privatizada e o Banco Master.
Mas existem duas outras negociatas de peso: o investimento dos fundos de previdência dos servidores do Estado do Rio de Janeiro no Banco Master e o esforço desesperado do governador Ibanes para que o BRB comprasse o Master falido.
Que coincidência.
Estes três governadores fazem parte da Santa Aliança que trabalha para eleger Tarcísio para presidente em 2026.
Como sabemos que nesse mundo de política, crime e corrupção nada é por acaso, significa um trabalho articulado para levar o crime organizado a um outro patamar. Como apoio em massa do Congresso Nacional e de membros da justiça do país.
Está instaurado a Republica Federativa do Crime Organizado do Colarinho Branco do Brasil.
Aplicando as duas leis
A pedido dos advogados de Vorcaro, que citam o aparecimento de um parlamentar nos documentos investigados, o Ministro do STF Dias Toffoli se apressa em trazer para si as investigações.
Mais do que isso, ele estabelece alto sigilo em toda a investigação e decide que a continuidade de novas investigações sejam aprovadas por ele.
O motivo?
Proteger o sigilo para não prejudicar o processo.
Será?
Curiosamente, Dias Toffoli foi dos participantes de um dos eventos de alto luxo em Londres, onde Vorcaro participou do patrocínio. Depois, deu uma “esticadinha”para assistir a um jogo da Champions em Madri. Até hoje Dias Toffoli não esclareceu quem bancou estes eventos e quanto tudo isso custou.
E assim a vida continua.
Para mostrar que estão preocupados com a Segurança Publica, os políticos continuarão prendendo e matando ladrões de sabão em pó, encarcerando pobres sem julgamento e aplicando as leis do Crime Organizado contra a arraia miúda das favelas.





Respostas de 8
Mas que estapafúrdio ignorar que Vorcaro tenha associação com ministros do STF e de membros do atual governo federal.
De fato, ele tem. Por isso, seu processo vaicorrer em segredo máximo.
Parece que as relações com o STF já estão aparecendo. Toffoli se apressou em colocar o processo em segredo. Se fosse dada publicidade, muita lama pareceria. Este é o problema do Brasil. Quando existem relações com, poderosos, tudo é resolvido nos bastidores.
Como na célebre máxima de A Revolução dos Bichos — ‘todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros’ — nossa realidade insiste em provar que a igualdade proclamada é muitas vezes apenas um enfeite retórico, enquanto os privilégios seguem distribuídos de forma seletiva e conveniente.
Pois é.
Talvez porque um lado da história não resiste à prisão na base da bala, não é?
Quem é amigo do poder, resolver as pendências na sombra. Num acordo entre amigos.
Não tem precisa. Tem quem faça por ele. E sabe que provavelmente vai ficar impune